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Transição

Transição

Após um ano de sacerdócio na Catedral Metropolitana de Londrina – Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Padre Vitor Posseti se despede com uma mensagem de fé, humildade e gratidão.

Natural de Londrina, Padre Vitor Hugo Posseti nasceu em 1985 no jardim Leonor, região oeste de Londrina. O primeiro de dois filhos recorda com alegria a vivência no bairro, que durou até a sua adolescência.

“Na frente de casa havia um campão verde onde jogávamos bola, brincávamos na rua de betsy, esconde-esconde, depois basquete e futebol – com direito a duas havainas de cada lado para fazer o papel de gol”.

Ao lado dos pais, frequentava a Paróquia São Judas Tadeu, na época ainda uma capela da paróquia São José Operário, onde hoje está o padre Dirceu agora.

“Lá foi onde fiz catequese, onde vivia com meus pais a fé”. As missas aos domingos marcaram a rotina do ainda menino Vitor, sobretudo aquelas festivas, realizadas em datas comemorativas. “Como a da Páscoa: quando voltava para casa e havia ovo de chocolate escondido”, recorda.

Formado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina e em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Chile.

Foi entre os 22 e 23 anos que o rapaz que trabalhava com os índios caingangues em Londrina e em Maringá no Centro Social, atuava na Pastoral Universitária e ainda no setor de Juventude que teve uma experiência de chamado.

“Tinha uma sede, parecia que algo me faltava e que Deus estava sempre me falando que algo ainda faltava. Cada vez mais fui percebendo que a minha sede era saciada me entregando a Deus e queria que fosse explicitamente anunciando o Evangelho e a falar de Jesus. Pensei em ser professor de Sociologia, trabalhar anunciando o Evangelho no meu dia a dia, mas percebi que era mais que isso. No tempo de formação fui amadurecendo, purificando um pouco mais a decisão e o fim definitivo foi quando eu percebi que se tratava de abandonar desejos, projetos pessoais e se lançar na vontade de Deus. Aqui na Catedral, depois do meu “sim”, a comunidade me fez ser padre. Eu percebi que Deus me chamava, essa experiência sacerdotal foi aqui e me confirmou demais. Devo muito à Catedral. Para mim foi Deus que me trouxe para cá mesmo e eu senti a todo momento a presença da Mãe Rainha aqui, isso me dava muita paz.”

O ano de 2019 foi um divisor de águas para o Padre Vitor, que chegou à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus diácono e despede-se como vigário. Em 2020, passará a servir o Santuário de Olinda, em Pernambuco. Saiba um pouco mais de sua experiência e a mensagem de liberdade e humildade que nos deixa.

Foi um ano intenso o do senhor, não é padre?
Para mim tudo é novidade. Foi o primeiro ano de diácono e o primeiro de padre da minha vida. Eu me lembro do rosto do primeiro casamento, o rosto da primeira confissão, da primeira unção… tudo é a primeira, né? Então guardo com muito carinho todas essas experiências.

Considerado generoso, acessível e muito atencioso, Padre Vitor precisou de muita disciplina para coordenar todas as missões entregues a ele. Como deu conta, padre?
Tudo exigia muito tempo. Você vai preparar uma homilia, preparar a unção dos enfermos – muitas atividades você sabe teoricamente, mas experimentar é diferente. Foram muitas vivências bem marcantes e que vão acumulando no coração. Você vai se surpreendendo com a graça de Deus que age e com a vida de fé das pessoas.

Houve desafios, padre? Como os enfrentou?
Eu sinto que fui conduzido por oração e todos os dias rezava para enfrentá-los. Padre Rafael Solano me ensinou muito sobre disciplina para gerenciar o tempo e devo agradecer a toda a comunidade.

 

O senhor vai fazer uma pausa entre as duas paróquias?
Sim. Vou parar alguns dias para agradecer a agradecer a Deus tudo o que foi esse ano e deixar Deus trabalhando.O descanso é tão importante para o homem como a terra. É como se a gente fosse uma terra ele, com as experiências da vida Deus vai moldando a gente. Então há o momento de deixar descansar um pouco a terra para florescer tudo o que Deus cultivou esse ano. Na primeira semana de janeiro vou fazer um retiro espiritual. Planejei para janeiro fazer uma semana de silêncio, meditação e para estar com Deus, ler a palavra com mais calma e só agradecendo e observando o que foi a passagem de Deus na minha vida esse ano.

 

Então todas as pessoas devem fazer esse descanso?
Sim, é necessário a todos. Esse estar consigo é importante para escutarmos os sinais de Deus em nossa vida. Não tem como escutar se não pararmos, pois a vida é tão corrida, fazemos tantas coisas que parar um pouquinho para poder escutar os sinais de Deus e onde ele está passando é importante. É muito bom pararmos para olhar a passagem de Deus nas nossas vidas. Nossa história é uma história de aliança. Não construímos sozinhos, é Deus construindo com a gente, então é fundamental parar para escutá-lo. Do contrário, a gente começa a se guiar só pelos projetos ou vontades próprios. Para escutar a vontade de Deus e seguir, é necessário o silêncio.

 

Como o senhor lida com as expectativas da comunidade?
A graça atua junto. Foi um ano de tentar, da minha parte humana, fazer o melhor. Preparar as homilias, preparar as confissões e se vinha uma pessoa com um pedido de direção espiritual ou alguma realidade de vida que era nova para mim eu fazia questão de pesquisar para aprender, entender, perguntar para padre mais experiente por ter ciência desse compromisso de responsabilidade com as pessoas. Mas a experiência maior que tive foi de perceber como a graça atua junto. A gente faz a nossa parte, tenta colocar o melhor que pode humanamente, mas o que mais me surpreendeu foi quantas vezes Deus se usou de nossa humanidade para atuar com a graça dele. Muitas pessoas voltam para agradecer a atenção ou a direção dada. Fazem questão de retornar dizer pessoalmente como minha palavra foi importante naquele momento. Eu fico satisfeito, mas sei que humanamente não foi apenas o meu gesto, mas o Espírito Santo também atua. Essa experiência foi a que mais me marcou nesse primeiro ano eu me dediquei, mas é a graças de Deus que atua e nos usa como um instrumento.

 

Como funciona o processo de transição?
Sou integrante do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt. Agora fui designado para trabalhar  no Santuário de Olinda, em Pernambuco e entendo a experiência como uma voz de Deus. Eu sabia que serviria a Catedral até 31 de dezembro e o meu sentimento é de liberdade. Eu estou livre de meus desejos, de minhas vontades para seguir a vontade de Deus na minha vida. Deus me indicou para lá, livremente e vou. Tenho muito carinho por aqui, vou ficar com saudade das pessoas com certeza e levarei situações comigo – é a hora de partir e deixar nas mãos de Deus. Não é momento de criar amarras, tentar gerar dependência ou de pertencimento. Deus me deu uma nova missão, em outro lugar e estou muito feliz, agradecido em servir e acho que isso reflete nas pessoas, me dá felicidade servir ele onde ele quer e penso que as pessoas devem se sentir assim também, se alegrar porque Deus está chamando para uma nova missão e confiar que é Deus que conduz toda a nossa história e a da comunidade também. Virá um novo vigário, que será acolhido de braços abertos porque Deus irá realizar muitas coisas através dele como realiza com qualquer instrumento que ele coloca aqui. Lidar com isso espiritualmente falando é ter liberdade de não querer aprisionar ninguém, sabendo que nosso grande tesouro é Deus e é ele quem conduz os caminhos.

 

por Walkiria Vieira

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