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O homem nobre

O homem nobre

O grande mestre Eckhart, na sua obra sublime o “Homem nobre”, levou-me a refletir profundamente neste Natal de 2019:

“Nosso Senhor diz no Evangelho: ‘Um homem nobre partiu para um país longínquo, a fim de receber um reino e voltou’ (Lc 19,12).

Nosso Senhor nos ensina, através destas palavras, quão nobre o homem foi criado em sua natureza e quão divino é o ponto ao qual ele pode chegar pela graça, e também mostra como ele pode chegar até ela. Além do mais, por estas palavras é atingida uma grande parte da Sagrada Escritura.

Deve-se saber, em primeiro lugar, e isto é muito claro, que o homem possui em si duas naturezas: corpo e espírito. Por esta razão, diz um escrito: quem se conhece a si mesmo, conhece todas as criaturas, porque todas as criaturas são ou corpo ou espírito. Eis porque as Escrituras dizem a respeito do homem que existe em nós, um homem exterior, e um outro homem interior. Ao homem exterior pertence tudo aquilo que é inerente à alma, ao mesmo tempo, envolto e misturado à carne, e que tem uma ação comum com um membro e num membro de todo e qualquer corpo, tais como o olho, a orelha, a língua, a mão e outros. E tudo isto a Escritura entende como o homem velho, o homem terrestre, o homem exterior, o homem inimigo, um homem servil.”

Neste trecho da introdução da obra o autor já nos coloca diante do desafio deste tempo de graça: deixar o homem velho e nos introduzir no homem interior, naquele que faz parte da nobreza e da grandeza do espírito humano.

O Deus conosco nos ensina nesta época a aprimorar o homem interior. É tempo de simplicidade e quase que de constante desaparecimento para que à luz do próprio Senhor Encarnado possamos descobrir com singela atitude de quem sabe que no interior do ser humano estão as grandes conquistas.

Podemos vivenciar este tempo de Advento e de Natal fortalecendo a espiritualidade à luz de tudo o que nos faça nobres interiormente, sem nos preocuparmos com o Natal exterior. Trabalhar ao calor das virtudes, das atitudes, da responsabilidade e sobretudo do homem interior. Tudo aquilo que pode ser visto por Deus enobrece nossa vida mesmo que os outros tardem em perceber. O maior presente que podemos nos dar neste Natal brotará de um coração renovado e particularmente disposto a crescer interiormente.

 

Desejo a todos os nossos paroquianos, visitantes e amigos da Catedral Metropolitana de Londrina um Natal de paz e esperança e faço votos para que no ano vindouro a simplicidade da vida cristã fomente e fortaleça nossos vínculos de fraternidade.

Meu abraço para os casais, jovens e crianças; para as pessoas viúvas; para os que moram fora de Londrina e frequentam nossa Catedral; para nossos irmãos que recebem assistência das Pastorais Sociais; para nossos irmãos da Liga dos Engraxates, do Roupeiro de Santa Rita e da Cooperativa de Recicladores; para todos e todas.

 

Padre José Rafael Solano Durán.
Cura da Catedral de Londrina – PR

 

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