Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, em Itália e em muitos outros países, celebra-se a Ascensão do Senhor. É uma festa que conhecemos bem, mas que pode suscitar algumas perguntas, pelo menos duas. A primeira: por que festejar a partida de Jesus da terra? Poderia parecer que a sua partida é um momento triste, não propriamente um motivo de alegria! Por que festejar uma partida? Primeira pergunta. Segunda pergunta: o que está a fazer Jesus agora no céu? Primeira pergunta: porquê festejar? Segunda pergunta: o que está a fazer Jesus no céu?
Por que festejamos? Porque com a Ascensão aconteceu uma coisa nova e bela: Jesus levou a nossa humanidade, a nossa carne para o céu – pela primeira vez! – ou seja, levou-a a Deus. Aquela humanidade, que ele assumira na terra, não ficou aqui. Jesus ressuscitado não era um espírito, não, tinha o seu corpo humano, a carne, os ossos, tudo, ali, com Deus, estará para sempre. Podemos dizer que a partir do dia da Ascensão, o próprio Deus, “mudou”: desde então, já não é apenas um espírito, mas, por quanto nos ama, tem em si a nossa própria carne, a nossa humanidade! Pois o nosso lugar é indicado, o nosso destino está ali. Assim escrevia um antigo Pai na fé: «Notícia maravilhosa! Aquele que se fez homem por nós […], para nos fazer seus irmãos, apresenta-se como homem diante do Pai, para levar consigo todos os que estão unidos a ele» (S. Gregório de Nissa, Discurso sobre a Ressurreição de Cristo, 1). Hoje celebramos “a conquista do céu”: Jesus que regressa ao Pai, mas com a nossa humanidade. E assim o céu já é um pouco nosso. Jesus abriu a porta e o seu corpo está lá.
Segunda pergunta: o que está a fazer Jesus no céu? Ele representa-nos perante o Pai, mostra-lhe continuamente a nossa humanidade, mostra-lhe as feridas. Gosto de pensar que Jesus, diante do Pai, mostrando-lhe as chagas, reza assim. “Eis o que sofri pelos homens: faz alguma coisa!”. Mostra-lhe o preço da redenção, e o Pai comove-se. Gosto de pensar nisto. É assim que Jesus reza. Ele, não nos deixou sozinhos. De facto, antes de ascender, disse-nos, como relata o Evangelho de hoje: «Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28, 20). Ele está sempre connosco, olha para nós, está «sempre vivo para interceder» (Hb 7, 25) em nosso favor. Para mostrar as feridas ao Pai, por nós. Numa palavra, Jesus intercede; está no melhor “lugar”, diante do Pai seu e nosso, para interceder por nós.
A intercessão é fundamental. Também para nós esta fé é útil: ajuda-nos a não perder a esperança, a não desanimar. Perante o Pai, há alguém que lhe mostra as feridas e intercede. Que a Rainha do Céu nos ajude a interceder com a força da oração.
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FONTE: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2023/documents/20230521-regina-caeli.html