Queridos amigos e amigas, o autor dos dois textos é o mesmo: Marcos.
Ele escreve para Pedro e Pedro o chama: “meu filho querido”.
E ele escreve para nós o mais antigo dos quatro evangelhos, no capítulo 16, a pré-figuração da Solenidade da Ascensão do Senhor. Só que aquilo que está escrevendo hoje tem uma tonalidade muito forte para a primitiva comunidade (lembremo-nos que eles eram judeus e estavam entrando no cristianismo): o tema do demônio.
Os judeus chamavam o demônio de belzebu.
Os judeus paganizados chamam de satanás.
E os judeus que pertenciam à diáspora o chamavam de diabo.
De fato, Marcos vai utilizar um termo completamente inovador: o demônio. E ele utiliza uma figura bem marcante: o demônio está prestes a vos devorar como um leão a rugir.
Para os cristão iniciantes, esta é uma figura verdadeiramente dolorosa e angustiante. Quem é esse demônio? Onde está o diabo?
E o texto do capítulo quinto começa a dizer: o primeiro é a soberba.
Impressionante que Marcos escreva: “Deus resiste aos soberbos.”
A soberba é uma forma muito sutil da ação do demônio através de nós.
Nos pensarmos os melhores, nos acharmos insubstituíveis, pensamos que depois de nós nada melhor pode acontecer.
Segunda dimensão citada pelo apóstolo – e os coloca nos lábios de Pedro de uma forma encantadora: as preocupações.
São Josemaria Escrivá de Balaguer, José de Calasanz, Santa Tereza de Ávila… santos espanhóis tinham um elemento cultural muito forte que nós latino americanos quase não temos: a tristeza é sempre aliada do demônio.
E quando vem a tristeza? Quando estamos altamente preocupados. Comecem a preocupar-se com o dia das mães e logo logo vai ficar triste. Comece a se preocupar com coisas que não tem sentido e logo logo a tristeza toma poder sobre você. É impressionante perceber como Pedro no capítulo quinto diz: “afastai-vos de toda preocupação, porque ali o demônio entra com facilidade.”
E a terceira forma, como sempre percebemos, determina a presença do demônio: através da encantadora serpente. As serpentes são encantadoras, elas vem suavemente na nossa vida e na hora menos esperada nos morde.
Peçamos ao Senhor a força e a coragem de Marcos para enfrentar o demônio que sempre está presente dentro da nossa comunidade, dentro da nossa família, sobretudo dentro das nossas preocupações, para dizer como os salmistas que belíssimo salmo desta manhã: “Senhor, ocupa-te de todas as minhas preocupações para que eu possa vos servir.”
São Marcos, rogai por nós.
Padre Rafael Solano
cura da Catedral Metropolitana de Londrina
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LITURGIA 25.04.2023
Terça-feira da Terceira Semana da Páscoa
Primeira Leitura: 1 Pedro 5,5-14
Salmo Responsorial: 88(89)
Evangelho: Marcos 16,15-20
