O Professor Doutor Matthias Grenzer, na última terça-feira (23/05), presentou nossa comunidade da Catedral Metropolitana de Londrina e de toda a Arquidiocese com palestra construída sobre o relato trazido em Mc 12, 28-34, em que o escriba admirado com as respostas de Jesus indagou-o: Qual é o primeiro mandamento de todos? Ao qual Jesus respondeu:
“O primeiro é: Escuta, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, te Deus, com totó o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu pensamento e com toda a tua força. O segundo é este: Amaras o teu próximo como a ti mesmo. Não existe outro mandamento maior do que estes.”
Com toda a nossa inteligência, com toda a nossa vida, com tudo o que temos, eis a resposta do Senhor, que ressoou no Escriba, que agora passa a lhe chamar de Mestre, e que reconhece que Jesus disse de acordo com a verdade. Não sabemos o que fez o escriba após este colóquio, mas é certo que o Senhor tocou seu ser e que viu nele um homem reto que se aproximava do Reino de Deus.
No contexto do amar a Deus com o coração, alma, pensamento e força, o professor Grenzer nos ensinou que:
a. O coração é para o povo hebreu o lugar da razão e do entendimento, dos planos secretos, da reflexão e da decisão, portanto, indica um relacionamento que a pessoa é capaz de pensar, planejar e decidir. Para os hebreus e, portanto, nas palavras de Jesus, o coração é usado metaforicamente, num paralelo aquilo que hoje poderíamos chamar de “cabeça”. Esta racionalidade está realçada pela expressão “todo o teu pensamento”, ou seja, sublinha e reforça a racionalidade do amor a Deus e o uso das forças racionais do coração. Amar a Deus com toda a nossa inteligência.
b. O termo “alma” para os hebreus tem significação peculiar e exige uma compreensão da cultura hebraica, onde se pode com uma única palavra representar o que para nós seria palavras diferentes. Para eles, “alma” lembra garganta, e, portanto, respiração, alento, fôlego, podendo-se deduzir os significados vida, pessoa, indivíduo e ser, a depender do contexto literário. No contexto apresentado pelo evangelista tem o sentido de amar a Deus com toda a tua vida ou com todo os teus desejos: com toda a tua alma.
c. A força com que devemos amar a Deus, indica todos os recursos da existência humana, o trabalho e seus frutos, bem com os meios e propriedades à nossa disposição.
Concluiu o professor a primeira parte de sua apresentação afirmando que Jesus é claro acerca da exigência de entrega por inteiro, com todas as dimensões da pessoa (coração, alma, pensamento e força), exigência fundamental de amar para além do culto, da forma e do sentimento e, não bastasse isto, o Senhor faz questão de adicionar ao que chama de primeiro mandamento, um segundo: Amará teu próximo como a ti mesmo.
Na segunda parte, tratou do segundo mandamento e da réplica do escriba que reconheceu a qualidade da resposta de Jesus e da tréplica de Cristo que lhe disse: “Não estas longe do Reino de Deus”.
Finalizando, o professor demonstrou a surpreendente lógica interna da resposta de Jesus ao escriba a partir da junção de dois mandamentos da Torá: que o primeiro mandamento somente poderá ser observado ao se cumprir o segundo e que, este, por outro lado, somente se faz possível a partir do primeiro.
O professor Grenzer, concluiu apaixonadamente suas explanações estimulando-nos a todos Amar. E como pessoas que amam e, portanto, como seres com capacidade de apreender e pensar, encorajou os participantes a buscarem formação e conhecimento acerca das verdades da nossa fé e de nossa igreja. Somos todos catecúmenos e apóstolos, capazes de aprender, de ensinar e de reaprender, independentemente de nossa condição, idade ou estado pessoal.
Esta palestra do Professor Doutor Matthias Grenzer, a quem somos profundamente gratos pelos ensinamentos, foi parte da formação da Semana Teológica promovida pela PUCPR e cujo tema foi: Desafios Pastorais da iniciação à vida cristã.
As reflexões sobre o amor a Deus e ao próximo nos instigam a refletir sobre os desafios pastorais na iniciação da vida cristã. Compreendemos a importância de buscar conhecimento e formação contínua para enfrentar esses desafios e vivenciar plenamente nossa fé. Como catecúmenos e apóstolos, somos encorajados a avançar em nossa jornada, unidos em comunidade, em direção ao Reino de Deus, o reino de Amor.