A partir de hoje daremos inicio ao estudo dos Sacramentos. No capitulo XXIII, vamos entender o que é um sacramento e qual sua finalidade.
A palavra sacramento tem origem no latim sacramentum, que significa coisa sagrada. É um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo para santificar a nossa alma (Trese, 2021). Os sacramentos, juntamente com a oração, fazem parte do terceiro grande campo da teologia. São as ajudas que Deus nos dá para agir e crer, além de nos conceder muitas graças.
Os sacramentos são os meios que Deus nos deixou para que pudéssemos nos unir a Ele e alcançar a vida eterna. Deus podia ter estabelecido outros meios, talvez visíveis, para estar conosco, mas Ele quis atuar no interior do ser humano. Afinal, vivemos em dois meios: o visível e o invisível; o material e o espiritual; corpo e alma. Sendo assim, Jesus estabeleceu a aplicação da graça considerando esses dois meios. A graça em si é invisível, mas o meio utilizado para ela vir até cada pessoa é visível.
Deus, na sua infinita sabedoria, sabia que poderíamos ter duvidas acerca da nossa relação para com Ele. Então, Ele tomou as coisas ordinárias do mundo – o que podemos tocar, sentir, ver, ouvir, etc – e fez com que essas coisas se transformarem em veículos da sua graça. E imprimiu nelas um sinal: a água, a graça que limpa; pão e vinho, que alimenta e faz crescer; o azeite que fortalece.
Vamos entender melhor a definição trazida por Trese (2021):
É um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo para santificar a nossa alma.
O sinal sensível
Os sinais sensíveis são os meios visíveis que Deus escolheu, de acordo com nossa natureza humana, para nos infundir a graça invisível. Os sinais são a parte material do sacramento, e os teólogos distinguem dois elementos:
A “coisa” utilizada – matéria do sacramento: ex: derramar água na cabeça de quem é batizado. O fato de derramar a água na cabeça de alguém, na maioria das vezes, não constitui um sacramento, pois pode ser feito durante o banho, por exemplo. É então que vem o segundo elemento do sacramento que é a forma do sacramento. A forma são os gestos e as palavras que dão significado à ação que se realiza.
No sacramento do Batismo, a água é matéria e as palavras “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” são a sua forma. A matéria e a forma juntas constituem o sinal sensível.
A instituição por Jesus Cristo
Alguns fiéis de outras religiões e até mesmo muitos que se consideram católicos, mas sem formação doutrinal, dizem que foi a Igreja quem criou os sacramentos. Mas quando estudamos a fundo a doutrina católica e, principalmente, a Sagrada Escritura, observamos que cada um dos sete sacramentos foi instituído por Jesus, no período que compreende o inicio da Sua vida pública e Sua ascensão aos céus.
A Igreja não pode criar novos mandamentos e não pode haver mais ou menos que sete. São eles: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos (antes chamada Extrema-unção), Ordem e Matrimônio.
Jesus especificou completamente a matéria e a forma de alguns sacramentos – em particular o Batismo e Eucaristia – mas não necessariamente fixou a matéria e a forma dos demais. Ele deixou alguns sacramentos para que a Sua Igreja fixasse a matéria e a forma, através do Espírito Santo.
A Graça
Os sacramentos são instrumentos dotados de poder divino. Portanto, se não nos concedessem graças, não seriam sacramentos, ainda que tivessem sido instituídos por Jesus. Um exemplo é o lava – pés, realizado na Quinta-feira Santa – é uma cerimônia instituída por Jesus, porém não confere graças. Dessa forma, não é um sacramento, mas sim um sacramental.
Os sacramentos nos conferem a graça santificante. É por meio da graça santificante que o Espírito Santo faz morada em nossa alma e nos faz estar unidos ao Amor Divino de Nosso Senhor. O Batismo traz essa graça santificante pela primeira vez, para a alma que nasce separada de Deus pelo pecado original. Ao pecar gravemente, nos separamos de Deus e só recuperamos a graça sobrenatural que havíamos perdido, após receber o sacramento da Penitência.
Os sacramentos do Batismo e da Penitência são chamados de ‘sacramentos mortos’, pois só podem ser recebidos quando a alma está espiritualmente morta.
Os demais sacramentos são denominados ‘sacramentos vivos’, pois só podem ser conferidos a almas em estado de graça santificante. Esses sacramentos aumentam a graça santificante, a vida espiritual ganha vitalidade, e a luz de Cristo que há em nós aumenta. Tudo isso se resume na capacidade de amar e absorver o amor de Deus.
Os sacramentos nos acompanham durante toda a nossa vida terrena. Por isso, são sete sacramentos.
- Quando nascemos – Batismo
- Para crescer e amadurecer – Confirmação
- Para quando estamos próximos ao nosso fim terreno – Unção dos Enfermos
- Durante a vida precisamos de alimento para crescer e nos fortalecer – Eucaristia
- Precisamos de vacina contra o pecado – Penitência
- Viver o que Deus quer para nós (Missão) – Ordem ou Matrimônio
Importante lembrar que nossas disposições interiores afetam a quantidade de graças que recebemos através dos sacramentos. Por isso que devemos fazer uma contrição perfeita para receber o sacramento da Penitência; ter o desejo ardente da Eucaristia, etc. Já a disposição de quem administra o sacramento não interfere.
Além de conferir graça santificante e sacramental, os sacramentos do Batismo, Confirmação e Ordem nos confere um caráter. É uma “marca” que Deus imprimi na nossa alma. Essa marca é uma qualidade permanente da alma, que será sempre visível aos olhos de Deus, dos anjos e dos santos.
O Batismo tem o caráter de nos ajudar a absorver as graças dos demais sacramentos e participar da Missa. A confirmação tem o caráter que nos ajudar a professar a nossa fé com valentia e levá-la pelo mundo. A Ordem confere ao sacerdote a faculdade de celebrar a Missa e administrar os sacramentos.
A partir do próximo artigo começaremos a entender melhor cada um dos sete sacramentos instituídos por Jesus Cristo.
Até o próximo!
Andressa Pelaquim